No século XVI, num dos seus mais famosos sonetos, escrevia o poeta português Luís de Camões: ‘Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, muda-se o ser, muda-se a confiança;/ todo o mundo é composto de mudança,/tomando sempre novas qualidades”. A concluir o poema, dizia: E, afora este mudar-se cada dia,/outra mudança faz de mor espanto:/que não se muda já como soía.’A mudança é uma constante da vida e não um exclusivo dos tempos modernos. A origem dessa mudança pode estar em fatores que nos são exteriores, que se nos impõem, em dinâmicas das quais fazemos parte, mas não podemos controlar, ou em processos sobre os quais temos um maior ou menor poder discricionário. Isso será verdade tanto para as pessoas, como para as empresas. Nestas últimas, a diferença está entre limitar-se a reagir, ajustar-se, ou poder ter a ambição de ser um agente de mudança, em menor ou maior medida. A situação complica-se quando, como dizia o poeta, o mudar-se de cada dia já não se faz como soía, introduzindo aquilo que, na linguagem da economia e da gestão, se costuma designar por risco e incerteza. E, aqui sim, talvez haja uma diferença de grau, uma aceleração da mudança que coloca reptos constantes à gestão das empresas envolvidas no jogo competitivo, à sua organização e estratégia, enfim, às suas pessoas. Com a ordem estabelecida a desvanecer-se rapidamente, e os tempos a mudar, os primeiros hoje podem, amanhã, ser os últimos, como escrevia Bob Dylan em The times they’re a-changing. Na Altri temos não só plena consciência desses desafios, como sabemos o que eles exigem de nós e temos a confiança de que, em conjunto, seremos capazes de construir as respostas apropriadas.
2024 foi, em certo sentido, um ano de continuidade que, qual elástico que se vai esticando, contém, em si, o potencial para a disrupção, de que o exemplo mais flagrante serão os sucessivos desenvolvimentos da Inteligência Artificial. Em paralelo, houve também roturas anunciadas no contexto geopolítico, cujas dimensões apenas agora começam a ser visíveis.